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Inflação segue acelerando em meio a fundamentos deflacionários

Inflação segue acelerando em meio a fundamentos deflacionários

2022 ainda deve ser um ano marcado por uma alta inflação ao redor do mundo – quando comparado ao histórico recente – e o Brasil não escapa deste cenário. Mesmo iniciando o aperto monetário antes das economias centrais, inclusive acelerando o ritmo de subida de juros ao longo de 2021, os dados de inflação seguem superando as expectativas de mercado, fazendo com que os agentes projetem uma inflação maior nos períodos subsequentes.

Contudo, quando analisamos o desenvolvimento de alguns fundamentos nos últimos meses do ano passado, era esperado uma certa melhora das perspectivas inflacionárias. É interessante ressaltar que, mesmo que o aperto monetário nas economias centrais não venha a impactar tanto o câmbio, as eleições podem ser um fator importante para o Real, dado que os resultados podem aumentar consideravelmente a percepção de risco por parte dos investidores.

No câmbio, podemos observar que o aperto monetário iniciado nos EUA não tem gerado grande impacto sobre o Real . A valorização do dólar tende a ser importante para a inflação brasileira, pelo encarecimento dos produtos importados. Todavia, nos últimos 3 meses o Real tem sido negociado em valores próximos ou abaixo do estimado pelo mercado para o final de 2022 (que atualmente é 5,60). 

Além do câmbio, outros fundamentos que, na teoria, deveriam contribuir para uma melhoria das expectativas inflacionárias são a melhora das contas públicas e a desaceleração da atividade econômica. O Brasil tem observado uma melhora dos seus resultados fiscais nominais desde março de 2021, o que deveria reduzir o risco fiscal brasileiro.

Com o aumento dos juros e a alta inflação, a atividade econômica vem sofrendo nos últimos meses, levando inclusive o PMI da manufatura brasileira para patamares de retração (<50) pela primeira vez desde junho de 2020.

Conclusão
Todos esses fatores deveriam contribuir para menores expectativas inflacionárias para os próximos meses, mas o oposto tem ocorrido, mesmo em um cenário de política monetária contracionista.

Com isso, o caráter mais inercial deste cenário inflacionário segue se confirmando, e dado o arcabouço institucional da política monetária brasileira, uma aceleração do ritmo de aperto monetário por parte do BC não pode ser descartada.

Como o Fed está em uma trajetória parecida, essas alterações marginais no ritmo de aperto monetário não devem trazer grandes impactos para o Real, e a inflação deve manter essa dinâmica de aceleração nos próximos meses.

*Até o momento da redação desta matéria, 28/01/2022

Alef H. Marcondes Dias
Economista graduado pela Universidade Estadual de Campinas
(19) 97124-2771
[email protected]
www.alef.substack.com
Instagram: @contrarianista

Tags: Economia


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