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Epidemia silenciosa

Epidemia silenciosa

O suicídio em jovens aumentou em todo o mundo nas últimas décadas, no Brasil, representando a segunda maior causa de mortes entre pessoas de 15 a 29 anos (dados da OMS).


Neurologistas já observaram que o cérebro cresce de um modo desbalanceado. O hipocampo e a amígdala, as duas regiões cerebrais responsáveis pelos sentimentos e pelo armazenamento de emoções - amadurecem mais rapidamente que o córtex pré-frontal, responsável pela regulação emocional e de impulsos.

Cientistas dizem que essa disparidade perdura até os 25 anos de idade.

"Isso significa que (nesse período) há um risco aumentado para excessos emocionais acompanhado de pouco poder de discernimento", explica Timothy Wilens, psiquiatra infantil no Massachusetts General Hospital (EUA) em artigo publicado no periódico Journal of the American Academy of Child and Adolescent Psychiatry.

O desenvolvimento assimétrico do cérebro também faz com que adolescentes fiquem mais vulneráveis ao uso de drogas e mais suscetíveis a problemas de saúde mental, como depressão - e todos esses fatores se relacionam ao suicídio.
Para agravar o quadro, há pesquisas mostrando que a maioria das crianças consegue, a partir dos 8 anos, entender o que a morte autoinfligida significa.

Estudo da psicóloga americana Jean Twenge publicado no periódico Clinical Psychological Science explica que tem havido nos EUA um aumento nos casos de depressão, suicídio ou tentativas entre jovens de todas as classes sociais, raças e etnias, e em todas as regiões do país.

Uma das conclusões do estudo, é de que o excesso de tempo passado pelos jovens utilizando aparelhos eletrônicos acaba exacerbando o problema.

"Adolescentes que passam mais tempo em novas mídias (incluindo redes sociais e outras acessíveis por aparelhos eletrônicos, como smartphones) tinham mais propensão a relatar problemas de saúde mental, e adolescentes que passavam mais tempo em atividades distantes das telas (interação interpessoal, esportes, lição de casa, leitura ou atividades religiosas) tinham propensão menor", diz Twenge.
"(Mas) desde 2010, adolescentes têm passado mais tempo em atividades eletrônicas e menos tempo distante das telas, o que pode levar ao aumento da depressão e do suicídio."

Para o brasileiro Neury Botega, especialista em saúde mental pela Unicamp, é importante lembrar que "a adolescência já é um período turbulento, mas atualmente os jovens sofrem grande pressão da família e da sociedade".

"O cérebro adolescente não está preparado. Eles têm mais imediatismo e impulsos. O sistema de checagem e equilíbrio (das emoções) precisa ser construído como parte de um projeto cultural e social", prossegue Botega.

Os comportamentos suicidas entre jovens e adolescentes envolvem motivações complexas, incluindo humor depressivo, abuso de substâncias, problemas emocionais, familiares e sociais, história familiar de transtorno psiquiátrico, rejeição familiar, negligência, além de abuso físico e sexual na infância.

Enfrentar o problema é uma missão complexa

A Organização Mundial da Saúde orienta que a prevenção ao suicídio de jovens requer coordenação e colaboração entre múltiplos setores da sociedade, “já que não há uma abordagem única que possa impactar por si só a questão”.
Entre as medidas recomendadas há esforços indiretos, como políticas para reduzir o uso de álcool nessa faixa etária e intervenções estruturais em locais como pontes ou estações que possam virar locais de suicídio.
Ao mesmo tempo, o artigo de Twenge diz que é importante observar “o modo como adolescentes passam seu tempo” e estimular mais interações interpessoais do que virtuais nessa fase.

Sinais de alerta

  •     Tentativa anterior de suicídio 
  •     Frases pessimistas sobre a própria vida ou o mundo
  •     Falar sobre morrer ser uma solução para os problemas dela 
  •     Falar sobre morrer ser um alívio para os outros 
  •     Isolamento social, parar de fazer atividades que fazia e nas quais tinha prazer 
  •     Aumento do consumo de álcool ou de drogas 
  •     Descuido com a aparência
  •     Alterações bruscas de humor


Fonte: BBC

Tags: Saúde


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